sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Nossos erros e culpas


24 de fevereiro de 2012

Por (*) João Bosco Leal

Lendo um discurso intitulado “Fizemos algo errado“, realizado por Oscar Arias, Presidente da Costa Rica, durante reunião da Cúpula da Américas ocorrida em Trinidad e Tobago em abril de 2008, fiquei surpreso com muitos dados que até então me eram desconhecidos e com a crítica espetacularmente realista e construtiva que ele fez a todos os países latino-americanos.


Em primeiro lugar o presidente chama a atenção de todos os outros presidentes dos países da América Latina e Caribe ali presentes, sobre o fato de sempre se dirigirem aos Estados Unidos da América para pedir-lhes coisas, reclamar de algo ou culpá-los por todos os problemas, passados, presentes e futuros da região.


Oscar Arias passou então a lembrá-los que a América Latina possuiu universidades antes do que os Estados Unidos criassem Harvard e William & Mary, que são as primeiras universidades desse país e que, até 1750, os países do continente americano eram praticamente iguais: todos eram pobres.


Lembrou ainda que, com o surgimento da Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra, diversos países como Austrália, Canadá, Estados Unidos, França e Nova Zelândia seguiram por esse caminho, enquanto os países da América Latina não se deram conta da chance que passava, e perderam a oportunidade de iniciar nessa nova etapa juntamente com os outros.


Que comparando historicamente nossos países com os Estados Unidos, por aqui não surgiu nenhum português ou espanhol que, como John Winthrop com uma Bíblia em sua mão, sugerisse a criação de uma Cidade sobre uma Colina, que brilhasse, como fizeram os peregrinos evangélicos que chegaram aos Estados Unidos e que à apenas 50 anos o México era mais rico que Portugal e que o Brasil possuía uma renda per capita maior que o da Coréia do Sul, a de Honduras era maior que a de Cingapura, que hoje apresenta uma renda anual de US$ 40.000 por habitante.


Em 1950 cada cidadão americano era quatro vezes mais rico que um latino-americano e hoje ele já é 10-15 vezes mais rico que os latinos e isso não por culpa dos Americanos, mas exclusivamente nossa, por diversas políticas errôneas e equivocadas adotadas durante décadas e até séculos, como o fato de, enquanto os países ricos destinam US$ 100 milhões para aliviar a pobreza de 80% da população mundial, os países latino-americanos destinam US$ 50 milhões em armas e soldados.


Quem seria nosso inimigo senão a falta de educação, o analfabetismo, os gastos mínimos com a saúde pública, a não implantação da infraestrutura necessária, os caminhos, estradas, portos e aeroportos, as comunicações, os raríssimos investimentos na implantação de novas hidrelétricas ou na geração de novas fontes de energia, sem a qual não haverá progresso e o baixíssimo nível da educação existente em nossos países – onde de cada 10 alunos que iniciam o nível secundário só um o conclui – e que mantém as universidades como as dos anos 60, 70 ou 80.


Enquanto continuamos discutindo sobre todos os “ismos”, capitalismo, socialismo, comunismo, liberalismo, neoliberalismo, social-cristianismo – ideologias que já devíamos ter enterrado há muito tempo -, os países asiáticos encontraram o “ismo” mais realista e apropriado para o final do século XX e para o XXI, o “pragmatismo”, pois quando se deu conta de que seus próprios vizinhos estavam enriquecendo de uma maneira muito acelerada, Deng Xiaoping visitou Cingapura e a Coréia do Sul, e ao regressar a Pequim disse aos velhos camaradas maoistas: “Bem, a verdade, queridos camaradas, é que a mim não importa se o gato é branco ou negro, só o que me interessa é que cace ratos” e “a verdade é que enriquecer é glorioso”. E desde 1979 a economia chinesa cresce sempre acima de 11% ao ano e tirou 300 milhões de habitantes da pobreza.


Recentemente, o economista Gabriel Palma, da Universidade de Cambridge, chamou a atenção para o processo de desindustrialização vivenciado pelo Brasil. Ele lembra que “em 1980 o parque industrial brasileiro era maior que o da China, Coréia do Sul, Tailândia e Malásia somados, mas que em 2010, a indústria brasileira representou menos de 15% do que esses países somados produziram”, concluindo que “construir o que nós construímos, e depois destruir, em tão pouco tempo, é um ato de vandalismo econômico sem igual”.


Não culpe ninguém por seus fracassos, pois cada um é responsável por suas escolhas e arcará com as devidas consequências, mas quando as opções são realizadas por governantes, quem paga é a população.


(*) João Bosco Leal - jornalista, reg. MTE nº 1019/MS, escritor, articulista político, produtor rural e palestrante sobre assuntos ligados ao agronegócio e conflitos agrários.


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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

DANO MORAL COLETIVO. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. ATENDIMENTO PRIORITÁRIO A IDOSOS, DEFICIENTES FÍSICOS, GESTANTES E PESSOAS COM DIFICULDADE DE LOCOMOÇÃO


A 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou provimento ao apelo especial e manteve a condenação do banco, em ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público, ao pagamento de indenização por danos morais coletivos em decorrência do inadequado atendimento dos consumidores prioritários. No caso, o atendimento às pessoas idosas, com deficiência física, bem como àquelas com dificuldade de locomoção era realizado somente no segundo andar da agência bancária, após a locomoção dos consumidores por três lances de escada. Inicialmente, registrou o Min. Relator que a dicção do art. 6º, VI, do CDC é clara ao possibilitar o cabimento de indenização por danos morais aos consumidores tanto de ordem individual quanto coletivamente. Em seguida, observou que não é qualquer atentado aos interesses dos consumidores que pode acarretar dano moral difuso. É preciso que o fato transgressor seja de razoável significância e desborde dos limites da tolerabilidade. Ele deve ser grave o suficiente para produzir verdadeiros sofrimentos, intranquilidade social e alterações relevantes na ordem patrimonial coletiva. Na espécie, afirmou ser indubitável a ocorrência de dano moral coletivo apto a gerar indenização. Asseverou-se não ser razoável submeter aqueles que já possuem dificuldades de locomoção, seja pela idade seja por deficiência física seja por qualquer causa transitória, como as gestantes, à situação desgastante de subir escadas, exatos 23 degraus, em agência bancária que, inclusive, possui plena capacidade de propiciar melhor forma de atendimento aos consumidores prioritários. Destacou-se, ademais, o caráter propedêutico da indenização por dano moral, tendo como objetivo, além da reparação do dano, a pedagógica punição do infrator. Por fim, considerou-se adequado e proporcional o valor da indenização fixado (R$ 50.000,00). REsp 1.221.756-RJ, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 2/2/2012.

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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

ENRIQUECEU A CRUZAR PALAVRAS - POR HUMBERTO PINHO DA SILVA


Victor Orville vivia em Oxford, em companhia da esposa. Frequentava a melhor sociedade, e divertia-se em elegantes eventos.

Certa ocasião, o casal, fora convidado a comparecer em importante festa. Victor, animou-se e bebeu mais do que devia.


Muitos, inclusive a mulher, recomendaram-no a não dirigir; eufórico, como estava, não escuta os sensatos conselhos, e indiferente a rogos, mete-se na viatura, e arranca, escarnecendo das recomendações.


Mal havia percorrido breves metros, sofre gravíssimo acidente, e a esposa, com profundos ferimentos, não consegue sobreviver.


Arguido de haver causado a morte da companheira, é condenado a cinco anos de reclusão.


Levado à cadeia, sentiu-se envergonhado e assaltado de tormentosos remorsos. Cai numa atroz angustia, e aparta-se de tudo e todos, inclusive de mais íntimos amigos.


Só, metido entre paredes, roído de remorsos, pede transferência para a África do Sul, cônscio, que longe de Oxford, a pena lhe seria mais suave.


Recolheu à cela 732. Decorrido dias, contesta que a tristeza, o desânimo, que tanto o afligia na sua Inglaterra, tinham embarcado com ele para o continente africano.


Lembrou-se, então, de solicitar papel, lápis e um dicionário; e como era disciplinado e muito respeitador, foi-lhe atendido o pedido.


Perante o espanto de todos, passava horas e horas, dias e dias, a inscrever palavras em quadradinhos que desenhava.


Pensaram que lhe havia areado o espírito, rondando a loucura, e recorreram ao auxilia de médico.


O clínico, após breve conversa, verifica que o preso estava em perfeito juízo, e acabara de descobrir interessante e cultural passatempo: as palavras cruzadas.

Até que, a três dias da véspera do Natal de 1913, Orville, recebeu a agradável alegria de ver, no “ New York Sunday”, as primeiras palavras cruzadas.


Decorrido meses, eram dezenas os jornais que lhe pediam para incluírem, nas suas páginas, o cultural passatempo.


Terminada a pena, ao despedir-se do director da penitenciária, recebeu a bonita quantia de dois milhões de libras! Uma pequena fortuna!


Orville enriquecera na prisão!


Resolveu fixar-se na África do Sul, e contrata indígena, como empregada.


Ao falecer, doou a volumosa fortuna à dedicada nativa, que dele cuidou, carinhosamente, até à morte.


Grata, pela inesperada generosidade, e como prova de gratidão, colocou sobre a campa de Orville, uma lápide com o desenho de umas palavras cruzadas.

Fonte:

Blogue luso-brasileiro: "PAZ": "PAZ"
http://solpaz.blogs.sapo.pt/

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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Consequências eleitorais - Por João Bosco Leal


13 de fevereiro de 2012

Por *João Bosco Leal

Os principais meios de comunicação do País não estão veiculando todas as notícias a que tem acesso e que, numa democracia plena, deveriam ser amplamente divulgadas.


Isso se deve a mais um esquema montado pelos governos do PT nos últimos 10 anos que, via anúncios oficiais dos mais diversos ministérios, libera ou não recursos para determinado jornal, rádio ou televisão, de acordo com seu comportamento em relação a seu governo.


Aqueles que batem muito nos membros do executivo nada recebem, enquanto os que só divulgam o que quer o governo recebem milhões, mensalmente, em publicidades, facilidades para financiamentos em bancos estatais e outras benesses que sequer podemos imaginar.


A novidade são os novos meios de divulgação surgidos através da internet, como as redes sociais, onde nada depende do Estado e divulga-se tudo, em segundos, para o mundo todo. Ainda me surpreendo quando, em minutos, após a publicação de um novo texto de minha autoria recebo, através do Google, a informação de republicações ocorridas em locais tão distantes e distintos, como a Bahia, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e em Portugal.


Foram nesses novos meios de comunicação como sites, blogs, Facebook, MSN, Orkut e outros, onde mais se viu a indignação dos brasileiros, com a assinatura do empréstimo de US$ 1,37 bi feito pelo Brasil a Cuba, via BNDES, que a Presidente Dilma Rousseff assinou durante sua última viagem àquele país e com o prejuízo de mais de R$ 20 bi causados pelo governo à Petrobrás, impedindo a atualização, nos últimos dois anos, dos preços dos derivados de petróleo de acordo com preços internacionais, para com isso segurar artificialmente a inflação.


Certamente os membros do PT, PSOL, PCdoB e de todos os outros partidos de esquerda se defenderão, dizendo que quem frequenta a internet no Brasil é uma minoria culta, elitizada e que a grande massa não tem acesso a esse tipo de veículo de comunicação.


Concordo plenamente, até porque é exatamente essa a política dos militantes do socialismo, enganar a grande massa de eleitores, nivelando tudo por baixo, com bolsas, vales, doação de terras para quem delas não conseguirá tirar o próprio sustento e tornando a população já carente, cada vez mais dependente do Estado, mas sem acesso a uma educação de qualidade ou saúde pública decente que não os obrigue a permanecer noites em filas em busca de senhas para atendimento em postos de saúde.


Capitalizar os lucros eleitorais e socializar os prejuízos, sem permitir o crescimento cultural da grande massa eleitoral, é a política empregada pelo PT nos últimos 10 anos, como parte de um projeto de poder de longo prazo.


Sem cultura, saúde e dependendo do governo até para comer, essa massa continuará votando nesse tipo de governante, mas num mundo globalizado necessitariam aprender a viver dentro de políticas de livre mercado, estudando para crescer em qualquer área, onde as oportunidades são para todos os que estudam e se esforçam para o aumento da produção, buscando um maior lucro da empresa onde trabalham e tem participação nos lucros. Sabem que lucrando mais ela lhe repassará mais dividendos e que, se não lucrar ou perder, eles deixarão de ganhar ou até ficarão sem emprego.


Essa coerência deveria ser aplicada aos 55 milhões de eleitores de Dilma, cuja maioria já votava em Lula. Assumam a dívida de Cuba, para que esse dinheiro possa ser investido em benefício dos próprios brasileiros e não de outros povos, simplesmente por serem governados por assassinos de seu próprio povo, mas “companheiros”.


Continuar votando nos governos do PT deveria implicar na responsabilidade desses eleitores arcarem, sozinhos, com as consequências destrutivas que essa ditadura de esquerda vem trazendo ao país.


*João Bosco Leal - jornalista, reg. MTE nº 1019/MS, escritor, articulista político, produtor rural e palestrante sobre assuntos ligados ao agronegócio e conflitos agrários.


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